Professor de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP/Cogeae), especialista em história política e história das ideologias. É bacharel em Direito e foi aluno-visitante na Universidad de Salamanca; bacharel em História pela USP; mestre e doutor em História pela PUC-SP. É pioneiro nos estudos das redes anticomunistas transnacionais da Guerra Fria, o primeiro a investigar a inserção do Brasil na Liga Mundial Anticomunista (WACL) e suas conexões com a Operação Condor. Sob orientação de John Dinges, foi pesquisador-visitante da Columbia University in the City of New York. Foi pesquisador da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Integra a rede “The Rise of the Right-Against Rights: Global (Dis)Order in Latin American and Beyond" (RagR) da Oxford University e a “Red Internacional de Estudios sobre el Estado de Excepción y el Terrorismo de Estado” (REDET) da Universidade de Oviedo.
Cursos
BRASIL 1964: COMO SE FAZ UM GOLPE DE ESTADO (CONSPIRAÇÃO, DITADURA E JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO)
R$389,00
Aguardando novas turmas
DO GENOCÍDIO NAZISTA À GUERRA FRIA: O BLOCO ANTI-BOLCHEVIQUE DE NAÇÕES (ABN) E A LIGA MUNDIAL ANTICOMUNISTA (WACL)
R$259,00
Aguardando novas turmas
Partindo da contrarrevolução nazifascista do entreguerras, o curso reconstitui a gênese de organizações e movimentos colaboracionistas do Leste Europeu, especialmente aqueles que perpetraram, em aliança com o Terceiro Reich, durante a Segunda Guerra Mundial, crimes de genocídio e de limpeza étnica contra dissidentes políticos e populações civis inteiras. Entre eles, serão apresentados os ultranacionalistas ucranianos do Providnyk Stepan Bandera, os ustashi do Poglavnik do ultranacionalismo croata, Ante Pavelic, e os fascistas católicos da Romênia (os legionários da Guarda de Ferro de Corneliu Codreanu) e da Eslováquia, liderados pelo monsenhor Jozef Tiso. Expressão de um fascismo transfronteiriço, que implicou em genocídio sem fronteiras, será assim resgatado um caso pioneiro de organização de antibolcheviques do Leste Europeu realizada pelo filósofo e ministro nazista Alfred Rosenberg.
Na segunda parte, o curso reconstitui como essa experiência no entreguerras do internacionalismo nazista foi reativada na Guerra Fria pelo serviço secreto da Rainha da Inglaterra, demarcando-se como o MI6, a partir dessas redes de fascistas da Europa Oriental, recriou o chamado Bloco Antibolchevique de Nações (ABN). Na sequência, é fornecido um panorama da internacionalização desse grupo extremista durante a Guerra Fria, com sua filiação a congêneres nos EUA, no sudeste asiático, na América Latina e no Brasil.
Será ainda apresentado o papel desses ex-colaboradores nazistas na criação da Liga Mundial Anticomunista (WACL) em 1966, bem como a presença desses criminosos de guerra em conferências da Liga no Brasil (1975) e nos EUA (1983), quando puderam contar com apoio de seus contrapartes locais, respectivamente, a ultradireita e a ditadura brasileiras e a New Right da administração Ronald Reagan.
Por último, uma aula sobre Grezgorz Rossolinksi-Liebe, autor de Stepan Bandera. The Life and Afterlife of a Ukrainian Nationalist. Fascism, Genocide, and Cult (Ibidem-Verlag, 2014), lançando luz ao mundo e à Europa de hoje, diante da Guerra da Rússia contra a Ucrânia. Encerra-se discutindo a atual reabilitação e culto das figuras históricas do colaboracionismo nazista do Leste Europeu abordadas ao longo do curso. Como ex-colaboradores nazistas puderam ser transformados em herois nacionais na Europa atual? Como antigos criminosos de guerra foram reconvertidos em freedom Fighters, “combatentes da liberdade” que supostamente teriam lutado contra a URSS e, ao mesmo tempo, contra o III Reich? Como é possível prosperar esse tipo de revisionismo e negacionismo históricos em pleno século XXI? O curso fornecerá respostas e reflexões a essas e outras indagações.
CULTURA E CONTRAPODER NA TERRA-FLORESTA AMAZÔNIA: A FOTOGRAFIA DE CLAUDIA ANDUJAR E O CINEMA DE MORZANIEL ƗRAMARI YANOMAMI E BEKA MUNDURUKU
R$389,00
MATRICULAS DISPONÍVEIS EM BREVE
Este curso investiga a fotografia de Claudia Andujar (1931-) e os cinemas de Morzaniel Ɨramari Yanomami (1980-) e Beka Munduruku (2003-) junto ao Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi, examinando como a arte tem sido uma ferramenta de resistência e denúncia contra o genocídio e ecocídio na Amazônia brasileira. Através das produções de Claudia Andujar, Morzaniel Yanomami e Beka Munduruku junto ao Coletivo Daje Kapap Eypi, será discutida a interseção entre cultura, terra-floresta, economia e poder, desde o período da ditadura militar (1964-1985) até o contexto atual de desmatamento e exploração ilegal da região. O curso abordará a violência sofrida pelos indígenas na Amazônia, suas formas de resistência e o papel da Justiça de Transição na reparação histórica. A análise dessas produções artísticas revela o enfrentamento indígena às ameaças ambientais e à opressão, além de fornecer uma visão profunda da luta contínua pela preservação das culturas e dos territórios Yanomami e Munduruku. O curso se encerra com a participação da jovem cineasta Beka Munduruku abordando os pontos de vista indígenas no audiovisual como expressão da estética e da luta desses povos contra os invasores na Amazônia brasileira. Além de abordar as violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura militar, o curso também explora os processos de Justiça de Transição que visam responsabilizar militares e empresas por crimes contra os povos indígenas. As palestras e análises de filmes e fotografias visam estimular reflexões sobre o papel da arte na documentação do genocídio e na resistência indígena.
GENOCÍDIO E RESISTÊNCIAS INDÍGENAS DURANTE A DITADURA MILITAR (1964-1988)
CURSO GRATUITO
CADASTRE-SE PARA ASSISTIR
A aula aborda os processos de genocídio e de graves violações dos direitos humanos dos povos indígenas promovidos pela ditadura militar brasileira e por seus cúmplices econômicos. Analisa o relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV) que, embora abranja o período de 1946 a 1988, confirma serem os indígenas, numericamente, a principal vítima da ditadura militar. Aborda o Relatório do Procurador da República Jader Figueiredo, responsável pelo fúnebre fim, em 1967, do Serviço de Proteção ao Índio, primeiro órgão de tutela indígena transformado em agente esbulhador das terras e violador dos direitos dos povos indígenas, bem como a maneira pela qual a FUNAI, que o sucedeu, deu continuidade a uma dinâmica genocida, subsumida aos interesses do grande capital. Como resultado desse indigenismo empresarial dos militares e de sua política de integração nacional, serão destacados os genocídios dos povos Tenharim, Jiahuí, Waimiri-Atroaria e Yanomami na Amazônia, bem como a construção da auto-organização dos povos indígenas, em associação como o Conselho Indigenista Missionário, da ditadura à Assembleia Nacional Constituinte, aí destacando-se o lobby da mineração anti-indígena promovido pelo jornal O Estado de São Paulo. Ao final, resgata-se o genocídio indígena promovido pelo último governo de Jair Bolsonaro como um caso emblemático de atualização do indigenismo integracionista da ditadura militar e, mais importante, os processos de resistência e auto-organização dos povos indígenas. Esta aula pode ser assistida separadamente ao curso BRASIL 1964, mas integra-se perfeitamente ao conjunto do programa mais amplo deste curso.